Soja brasileira pode perder prêmio de exportação com trégua tarifária entre EUA e China

As vendas de soja do Brasil para a China tiveram forte impulso no início deste ano, em meio à escalada de tarifas de importação entre Estados Unidos e China, que chegaram a ultrapassar 100%. Com os EUA enfrentando taxas elevadas, o Brasil se consolidou como principal fornecedor do grão ao país asiático.
No entanto, o cenário começou a mudar nesta segunda-feira (12), quando Washington e Pequim anunciaram uma trégua comercial de 90 dias, reduzindo as tarifas recíprocas. As taxas dos EUA sobre produtos chineses caíram de 145% para 30%, enquanto a China reduziu de 125% para 10% a tarifa sobre produtos americanos, incluindo a soja.
Segundo analistas, a decisão deve permitir que a China antecipe compras futuras de soja dos EUA, mesmo com entrega prevista apenas para o segundo semestre, quando a safra americana entra em período de exportação, a partir de outubro.
“A tarifa de 10% ainda torna a soja americana mais cara, mas bem mais acessível do que com a tarifa de 125%, que praticamente inviabilizava qualquer negociação”, explica Silveira, analista do Safras.
Apesar disso, o mercado brasileiro não deve perder espaço de forma significativa. Desde o início da guerra comercial no governo Trump (2017-2021), a China vem reduzindo sua dependência da soja dos EUA, ampliando os negócios com o Brasil.
???? Impacto direto: queda nos prêmios de exportação
O principal reflexo da trégua comercial está no recuo dos prêmios de exportação da soja brasileira. Os prêmios funcionam como um ágio ou deságio sobre o preço da soja na Bolsa de Chicago, dependendo da relação entre oferta e demanda no Brasil e no exterior.
“Os prêmios começaram a cair no dia do anúncio e já vinham em queda com os rumores de acordo”, afirma Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio.
Apesar da redução nos prêmios, a soja teve alta de 1,81% na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (12), refletindo a movimentação do mercado diante do novo cenário global.
Para Silveira, os prêmios podem cair ainda mais nos próximos meses:
“Era para termos prêmios muito mais altos nos portos. Essa reviravolta na relação entre EUA e China muda completamente a expectativa”, avalia.
Mesmo com o possível arrefecimento da demanda extra chinesa por soja brasileira, a liderança do Brasil como principal fornecedor mundial se mantém sólida, especialmente no primeiro semestre do ano, período em que o país concentra a maior parte de sua exportação.
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