Quase 5% das crianças nascidas em 2025 não têm o nome do pai na certidão no Sul de Minas

Abr 22, 2025 - 14:54
 0  27
Quase 5% das crianças nascidas em 2025 não têm o nome do pai na certidão no Sul de Minas

Quase 5% das crianças nascidas em 2025 nas maiores cidades do Sul de Minas Gerais não possuem o nome do pai na certidão de nascimento. De acordo com dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), entre 1º de janeiro e 21 de abril deste ano, 102 dos 2.219 nascimentos registrados em Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha e Passos foram realizados apenas com a identificação materna.

Cenário estadual

No estado de Minas Gerais, 3.721 crianças foram registradas com pais ausentes nesse mesmo período. O número corresponde a 5,2% dos 71.474 nascimentos registrados nos cartórios mineiros.

Os números nas maiores cidades do Sul de Minas

  • Varginha é a cidade com o maior índice entre os municípios analisados: 5,7% dos recém-nascidos não têm o nome do pai registrado. Foram 31 certidões sem identificação paterna entre os 545 registros totais.

  • Passos aparece em seguida, com 5,4% de certidões sem o nome do pai, totalizando 23 casos entre 423 nascimentos.

  • Poços de Caldas registrou 22 certidões com pais ausentes, o equivalente a 3,9% dos 565 nascimentos.

  • Pouso Alegre, apesar de liderar em número de nascimentos, apresentou o menor percentual: 3,8% das 686 certidões (26 casos) foram emitidas sem nome paterno.

Mudanças culturais e sociais

Para o sociólogo Zionel Santana, o cenário reflete mudanças importantes nas dinâmicas familiares e nas relações sociais. Segundo ele, a ausência do nome do pai na certidão tinha, no passado, peso significativo para o acesso a direitos como herança. Hoje, com o avanço das tecnologias de reconhecimento de paternidade e o fortalecimento da independência feminina, a decisão de não registrar o pai se tornou mais comum.

“Com a autonomia financeira da mulher e sua independência, ela não vê mais essa necessidade simplesmente de atribuir o sobrenome do filho relacionado ao pai. Ela exige muito mais outras garantias de direitos à criança do que o sobrenome”, explica Santana.

Ainda assim, o sociólogo ressalta que o convívio familiar, mesmo que formado por núcleos menores ou ampliados, é essencial para o desenvolvimento emocional e social da criança.

“A identidade social de uma criança depende das relações que ela estabelece com o seu núcleo familiar. É com essas vivências que ela vai construindo sua percepção de si mesma ao longo da vida.”

Reflexo de um novo tempo

A presença ou ausência do nome paterno na certidão de nascimento é, antes de tudo, um reflexo das transformações sociais. Embora o número de registros com pais ausentes ainda represente uma parcela pequena, ele chama atenção para debates mais profundos sobre paternidade, responsabilidade e a construção de novos modelos familiares no Brasil contemporâneo.

Fonte: G1 Sul de Minas

Qual é a sua reação?

like

dislike

love

funny

angry

sad

wow