Sarah Mullally é a primeira mulher nomeada arcebispa de Canterbury
A Igreja Anglicana viveu nesta sexta-feira (3) um momento histórico. Sarah Mullally, de 63 anos, mãe de dois filhos e atual bispa de Londres, foi nomeada arcebispa de Canterbury, o mais alto posto de liderança espiritual da instituição. É a primeira vez, desde a fundação da Igreja da Inglaterra no século XVI, que uma mulher assume o cargo.
A nomeação foi anunciada pelo governo britânico após aprovação do rei Charles III, líder supremo da Igreja Anglicana, e do Colégio de Cônegos da Catedral de Canterbury, no sudeste da Inglaterra. Mullally torna-se a 106ª arcebispa de Canterbury.
Ela sucede Justin Welby, que renunciou em novembro de 2024, aos 68 anos, após forte pressão sobre sua condução de um escândalo envolvendo abusos sexuais e físicos cometidos por John Smyth, advogado vinculado à Igreja Anglicana. Segundo relatório interno, a instituição sabia dos crimes desde a década de 1980, mas só os reconheceu oficialmente em 2013. Welby foi acusado de não levar o caso às autoridades.
Enfermeira até 2004, Sarah Mullally deixou a carreira na saúde para se dedicar integralmente ao sacerdócio. Em 2018, foi a primeira mulher a ocupar o posto de bispa de Londres, abrindo caminho para o avanço feminino dentro da hierarquia da Igreja Anglicana.
Em discurso após a nomeação, a nova arcebispa afirmou reconhecer a “grande responsabilidade” do cargo e disse sentir “paz e confiança em Deus” para cumpri-lo. Ela também se comprometeu a enfrentar o histórico de abusos dentro da instituição.
“Como Igreja, muitas vezes deixamos de reconhecer ou levar a sério os abusos de poder em todas as suas formas. Meu compromisso é promover uma cultura de segurança e bem-estar para todos”, declarou na Catedral de Canterbury.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, celebrou a escolha.
“A Igreja Anglicana é de profunda importância para este país. Suas igrejas, catedrais, escolas e instituições de caridade fazem parte da estrutura de nossas comunidades. A arcebispa desempenhará um papel fundamental em nossa vida nacional.”
A Igreja da Inglaterra, fundada após a ruptura do rei Henrique VIII com o catolicismo romano no século XVI, conta atualmente com cerca de 20 milhões de fiéis batizados, embora o número de praticantes regulares seja estimado em menos de 1 milhão, segundo dados de 2022.
Desde que passou a permitir a ordenação feminina nos anos 1990, a instituição tem avançado em representatividade: hoje, mais de 40 dos 108 bispos ingleses são mulheres.





