Polícia Civil detalha fraude de R$ 80 milhões em empréstimos rurais no Sul de Minas PASSOS (MG)

Polícia Civil detalha fraude de R$ 80 milhões em empréstimos rurais no Sul de Minas  PASSOS (MG)
Fonte: G1 Sul de MInas

A Polícia Civil de Minas Gerais divulgou nesta quarta-feira (20) novos detalhes da Operação Sopro Silencioso, que investiga um esquema de fraude em empréstimos bancários envolvendo produtores rurais da região de Passos. De acordo com as autoridades, dois homens, administradores de uma empresa do setor agrícola, são apontados como os principais responsáveis pelo golpe, que teria movimentado cerca de R$ 80 milhões em apenas um ano.

Segundo as investigações, os suspeitos se aproveitavam da confiança dos produtores rurais para aplicar os golpes. Eles ofereciam crédito para compra de insumos, mas faziam com que os clientes assinassem termos de cessão de crédito sem entender que, na prática, estavam contratando empréstimos bancários em nome próprio. No vencimento das dívidas, os investigados recebiam tanto o valor pago pelos produtores quanto o crédito liberado pelas instituições financeiras sem repassar os recursos aos bancos.

Esse grupo empresarial manipulava informações e abusava da boa fé das vítimas. Algumas chegaram a pagar duas vezes. Outras não conseguiram quitar os débitos e tiveram o crédito restrito, o que comprometeu profundamente sua atividade produtiva — explicou o delegado Felipe Capute, responsável pelas investigações. Ainda segundo ele, há casos em que as vítimas nem sabiam que haviam assinado contratos de empréstimo, o que também está sendo apurado.

Bens apreendidos e tentativa de blindagem patrimonial

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a polícia encontrou R$ 20 mil em espécie e cerca de R$ 50 mil em bebidas alcoólicas, incluindo garrafas avaliadas em até R$ 7 mil. Também foram apreendidos cinco veículos de luxo, todos com valor estimado acima de R$ 100 mil, além de joias e documentos bancários.

A polícia suspeita que os investigados estivessem tentando se desfazer do patrimônio como estratégia para dificultar o ressarcimento das vítimas em eventuais ações judiciais. Esse foi um dos motivos para a deflagração rápida da operação, iniciada há cerca de dois meses após denúncias feitas por produtores rurais.

Essa investigação é recente, mas foi importante agir com rapidez porque havia sinais de que os envolvidos buscavam subterfúgios para se proteger. A ação policial buscou justamente evitar que esse patrimônio fosse dilapidado antes de uma possível reparação às vítimas, destacou o delegado Capute.

Continuidade das investigações

Todo o material apreendido passará por análise pericial. A investigação segue em andamento, não apenas em Passos, mas também em outras cidades da região. Os suspeitos podem responder por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Fonte: G1 Sul de MInas