Vídeo de cavalo caído reacende debate sobre charretes turísticas em Poços de Caldas
Um vídeo compartilhado nas redes sociais neste domingo (5) mostrando o resgate de um cavalo que havia caído enquanto puxava uma charrete voltou a acender o debate sobre o uso de veículos de tração animal em atividades turísticas em Poços de Caldas (MG).
As imagens registram o momento em que populares ajudam a libertar o animal, preso às peças da charrete, permitindo que ele se levante. O incidente ocorreu pela manhã, na Avenida João Pinheiro, próximo à Praça Getúlio Vargas, onde as charretes costumam ficar estacionadas.
O prefeito Paulo Ney (PSD) se manifestou nas redes sociais e cobrou agilidade da Câmara Municipal na votação do projeto de lei que proíbe o transporte turístico por tração animal no município.
Associação nega maus-tratos
O cavalo pertence a Francisco Carlos, presidente da Associação dos Condutores de Veículos de Tração Animal de Poços de Caldas. Segundo o colega de trabalho Silas Cordeiro, o acidente aconteceu quando Francisco parou para buscar um marmitex e um veículo encostou na charrete.
“Não foi maus-trato nem exaustão. Foi uma fatalidade. O carro bateu atrás da charrete, o cavalo estava amarrado, acabou se desequilibrando e deitando em cima do varal. Assim que a charrete foi ajustada, o animal se levantou normalmente”, explicou Cordeiro.
Em nota, a Associação dos Condutores afirmou que está realizando uma apuração interna do caso e garantiu que o cavalo está em boas condições de saúde.
“O animal é acostumado com a atividade e não sofreu ferimentos. Reiteramos nosso compromisso com o bem-estar e a saúde dos animais”, declarou a entidade.
Projeto prevê substituição por carruagens elétricas
O projeto de lei mencionado pelo prefeito foi enviado à Câmara Municipal em junho. A proposta prevê a substituição gradual das charretes por carruagens elétricas, que passariam a operar mediante concessão pública.
De acordo com o texto, os serviços com cavalos seriam encerrados em até 90 dias após a publicação da lei, e cada charretista receberia uma indenização de R$ 15.180.
A Associação dos Condutores, no entanto, é contrária ao encerramento imediato das atividades.
“Não há indícios de maus-tratos comprovados. Propomos uma finalização gradativa das atividades, com aumento da indenização para que os trabalhadores — muitos deles de idade avançada — possam se realocar dignamente”, destacou a entidade.
Atualmente, o serviço de charretes conta com 39 condutores cadastrados em Poços de Caldas.
Críticas e pressões
O advogado e protetor animal Lúcio Cassila também cobrou agilidade na análise do projeto e criticou a falta de ação política.
“A Câmara não demonstra interesse em resolver. O cavalo estava em local de trânsito intenso, o que é perigoso. O ambiente de um cavalo não é o asfalto, é a zona rural. Além disso, há risco de zoonoses e transtornos no tráfego”, afirmou.
A Câmara Municipal de Poços de Caldas informou que o projeto segue em análise nas comissões internas e ainda não há prazo definido para votação.
Fonte: G1 sul de minas





