Programa russo divulgado por influenciadoras pode ser fachada para tráfico humano
As influenciadoras digitais MC Thammy, Catherine Bascoy e Aila Loures estão entre as brasileiras que publicaram retratações em suas redes sociais após divulgarem o programa russo “Alabuga Start”. A iniciativa, inicialmente apresentada como um intercâmbio profissional com salário garantido, está sob investigação internacional por suspeita de ser uma fachada para o tráfico humano.
Nos anúncios, as criadoras de conteúdo destacavam benefícios como transporte e hospedagem pagos, aulas de russo, seguro médico e documentação de imigração assegurada. As vagas, voltadas para mulheres de 18 a 22 anos, prometiam salários de até US$ 680 mensais (cerca de R$ 3,6 mil), em áreas como hospitalidade, logística e produção. No entanto, após denúncias, as publicidades foram removidas.
A polêmica ganhou repercussão quando o influenciador Guga Figueiredo publicou um vídeo alertando sobre a falta de regulamentação do programa no Brasil. Não havia CNPJ, telefone de contato ou representante oficial. Rapidamente, descobriu-se que o Alabuga Start está vinculado à Zona Econômica Especial de Alabuga, no Tartaristão, região russa que abriga fábricas ligadas à produção de drones militares usados na guerra contra a Ucrânia.
Além de MC Thammy, Catherine Bascoy e Aila Loures, outras influenciadoras como Raphaela Nogueira e Isabella Duarte também se retrataram após a repercussão negativa.
Suspeita de exploração
De acordo com investigações internacionais, há indícios de que jovens recrutadas pelo programa são direcionadas a trabalhar na produção de armamentos e equipamentos militares. Uma reportagem publicada pela Associated Press em outubro de 2024 revelou que ao menos 200 mulheres africanas já haviam sido levadas à Rússia por meio da iniciativa. Elas eram oriundas de países como Uganda, Ruanda, Quênia, Sudão do Sul, Serra Leoa, Nigéria e Sri Lanka.
Segundo relatos, muitas dessas mulheres só descobriram ao chegar em território russo que atuariam em fábricas de drones e equipamentos bélicos, contrariando as promessas de empregos em setores como turismo e alimentação.
Atualmente, a polícia internacional acompanha o caso e apura se o programa também tentou cooptar jovens brasileiras para funções semelhantes.





