Nova Lei impulsiona irrigação em propriedades rurais de Minas Gerais
Decreto assinado em julho pelo governador Romeu Zema facilita acesso à água e tecnologias para pequenos produtores
A agricultura irrigada começa a ganhar força no Norte de Minas após a regulamentação da Nova Política de Agricultura Irrigada Sustentável. O decreto, assinado pelo governador Romeu Zema em julho deste ano, tem gerado grande mobilização entre os produtores rurais, que buscam informações junto à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Um reflexo direto desse interesse foi o recorde de público no 2º Seminário Mineiro de Irrigação, realizado em agosto, em Montes Claros. O evento reuniu quase mil participantes no auditório do Parque João Alencar Athayde, com a presença de nove caravanas vindas de municípios vizinhos. A organização foi da Faemg, em parceria com a Seapa.
Segundo Ariel Chaves, assessora-chefe do Núcleo de Gestão Ambiental da Seapa, a nova regulamentação é um marco para o setor agropecuário mineiro. “Ela desburocratiza o processo de aprovação de projetos de irrigação e de armazenamento de água no período chuvoso, garantindo o uso racional nos meses de seca. É um avanço, principalmente, para a agricultura familiar”, afirmou.
Mais acesso, mais produtividade
O decreto foi elaborado com apoio de especialistas da Seapa, da Semad, do Igam e do IEF, além de técnicos da Emater, do IMA e da Epamig. A principal mudança está na flexibilização de exigências que antes dificultavam o uso de sistemas como pivôs centrais, irrigação por gotejamento e captação por poços artesianos.
Para produtores como Ivore Frans, Josimar de Almeida, Edmilson dos Santos e Luiz Felipe dos Santos, da cidade de Icaraí de Minas, o novo cenário representa uma oportunidade histórica. “Irrigar é um sonho antigo. Com água disponível, a produtividade vai crescer muito”, afirma Ivore.
Bacia leiteira em busca de recuperação
Com cerca de 12 mil habitantes, Icaraí de Minas abriga 450 pecuaristas de leite e duas cooperativas. A Cooperleite, uma delas, já chegou a recolher 1,2 milhão de litros por mês, mas viu a produção cair cerca de 40% nos últimos três anos, devido à seca.
Josimar de Almeida, diretor da Cooperleite, vê na nova legislação uma chance de reverter esse cenário. “Fiquei sabendo da lei pelo convite para o seminário. Me esforcei para ir porque queria entender essas novas possibilidades. Estou otimista”, declarou.
A irrigação deve impactar especialmente o cultivo de milho destinado à produção de silagem, alimento essencial para o gado durante o período seco. “Sem ração, o gado praticamente passa fome, é muito triste”, comentou Ivore.
Irrigação como mudança de vida
A história da família de Edmilson Alves dos Santos ilustra os benefícios do acesso à irrigação. Com um poço artesiano perfurado anos atrás, eles conseguiram manter pastagens irrigadas, o que refletiu diretamente na produtividade do rebanho. Hoje, a família entrega cerca de 600 litros de leite por dia a uma multinacional e ainda recebe bonificação pela qualidade do produto.
Luiz Felipe, filho de Edmilson e estudante de Agronomia, já planeja seguir na atividade. “Dá gosto de ver os animais bem alimentados. Eles produzem mais e parecem até sorrir”, contou, com orgulho.
A força da coletividade
Ariel Chaves orienta os produtores a se organizarem em cooperativas, associações ou sindicatos para facilitar o acesso aos benefícios da nova política. “A atuação coletiva agiliza os processos. A Seapa está à disposição para orientar sobre documentação, procedimentos e cada caso específico”, reforçou.
Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail: cpar@agricultura.mg.gov.br.
Fonte: Agência MInas





