Lula provoca Trump em evento do Linhão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou nesta quarta-feira (10/9) um novo recado ao presidente norte-americano Donald Trump. Durante evento que marcou a conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), Lula afirmou que Trump deveria “conhecer o sistema elétrico brasileiro em vez de brigar com o país”.

“Ao invés do Trump brigar com a gente, ele poderia vir aqui conhecer o nosso sistema interligado. Ele ia perceber que seria muito melhor para os Estados Unidos do que brigar com a gente, que não quer brigar”, disse Lula na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília.

A cerimônia acompanhou a energização da Linha de Transmissão Manaus–Boa Vista, que conecta Roraima ao sistema nacional. Até então, o estado era o único isolado da rede elétrica do país.

Lula também comparou a infraestrutura energética brasileira à dos Estados Unidos, lembrando que o Texas não é integrado ao restante do país.

“Se o Trump vier [para a COP 30], vamos ter que levar isso aqui para ver e comparar com o painel americano. Para ele saber que nós acreditamos em nós, que nós somos um país soberano e nós somos donos do nosso nariz”, destacou.

As declarações ocorreram um dia depois de a Casa Branca, por meio da porta-voz Karoline Leavitt, ter afirmado que o governo Trump estaria disposto a “usar meios militares” para “proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo” em referência a uma eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Trump também anunciou sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros e ameaçou novas sanções, alegando perseguição política a Bolsonaro.

Impacto do Linhão

Com investimento de R$ 2,6 bilhões, o chamado Linhão de Tucuruí possui 725 km de extensão em circuito duplo de 500 kV, ligando o Amazonas a Boa Vista, com ponto de apoio em Rorainópolis.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a integração vai gerar:

• redução de R$ 45 milhões por mês nos custos da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), ultrapassando R$ 500 milhões ao ano;

• desligamento de diversas usinas térmicas;

• possibilidade de escoamento de até 700 MW de futuras hidrelétricas;

• corte de 1 milhão de toneladas de CO₂ por ano nas emissões de gases de efeito estufa.

O ministro Alexandre Silveira destacou o caráter estratégico da obra:

“Ao conectar Boa Vista, última capital que estava fora do SIN, completamos o mapa energético do Brasil. É uma vitória social, econômica, geopolítica e ambiental.”

Com a interligação, Roraima ganha maior segurança no fornecimento de energia e condições favoráveis de expansão econômica, segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência.