CPI das Bets pede indiciamento de influenciadores incluindo Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) apresentou nesta terça-feira (10) o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets, com um pedido contundente: o indiciamento de 16 pessoas, entre influenciadores digitais, empresários e representantes de plataformas de apostas online. Entre os nomes mais conhecidos estão as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra.

O documento, resultado de meses de investigação, propõe ainda 18 projetos de lei e um pacote com 21 medidas voltadas a regulamentar o mercado de apostas no Brasil, proteger os consumidores e coibir práticas abusivas. Para a relatora, as apostas online têm avançado de forma descontrolada, expondo milhões de brasileiros, sobretudo jovens, a riscos financeiros e emocionais.

O depoimento de Virgínia Fonseca, prestado em maio, foi um dos momentos mais marcantes da CPI. O relatório revela que a influenciadora teria firmado contrato com uma casa de apostas para promover o serviço em suas redes sociais, com previsão de receber 30% do lucro líquido gerado pelas apostas realizadas a partir de seus links promocionais. Segundo a relatora, esse modelo de remuneração evidencia um conflito ético: “Os ganhos da influenciadora estão atrelados às perdas incorridas por seus seguidores”, escreve Soraya.

Além disso, o relatório aponta que Virgínia usava “contas promocionais ou de demonstração” ao exibir seus ganhos nas plataformas, o que poderia configurar propaganda enganosa. “Ao induzir em erro seus milhões de seguidores  que acreditaram que suas ‘apostas’ eram reais –, e obter vantagem indevida, há indícios de que Virgínia tenha cometido o crime de estelionato”, conclui o texto.

Com base nas investigações, a senadora Soraya Thronicke pede o indiciamento de Virgínia Fonseca por estelionato e publicidade enganosa. Já Deolane Bezerra é acusada de envolvimento mais profundo com o setor e pode responder por crimes como jogo de azar, loteria não autorizada, estelionato, lavagem de dinheiro e até integração a organização criminosa.

O relatório final será votado pelos integrantes da comissão nos próximos dias. Se aprovado, será encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se abre ou não processos criminais com base nos indiciamentos propostos.